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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Primeiro, olhemos o espelho

Há algumas semanas, uma família amiga minha enfrentou o terror de um assalto a casa onde residiam, em Capim Macio. Mãe, tia e o casal de filhos foram feitos reféns, deitados no chão da cozinha da casa, enquanto os marginais surrupiavam televisão, computadores, celulares, roupas, perfumes e todo objeto que lhes despertavam interesse.

Felizmente, a família saiu ilesa fisicamente, mas o trauma psicológico foi instalado definitivamente.

Há alguns meses, a mesma família residia em Morro Branco. Na tarde de um dia da semana, o pai chegava em casa e o vizinho ao lado o chamou para uma conversa. Quando os dois se cumprimentavam, bandidos os renderam. Foram levados para o interior da residência e lá ficaram com outras pessoas sob a mira de armas.

Traumatizados, tanto o vizinho como a família amiga mudaram de endereço. Meus amigos foram para Capim Macio e o que aconteceu depois vocês já leram no início deste texto. Hoje, moram provisoriamente na residência de um familiar e estão vendendo as casas de Morro Branco e Capim Macio. Vão comprar um imóvel num condomínio fechado, na esperança de reencontrarem a tranqüilidade perdida.

Conheço alguém que se considera um homem honesto, cumpridor das leis e extremamente duro quando opina sobre a marginalidade. É daqueles que defendem a pena de morte para a marginalidade e jogam a culpa pela violência que ora vivemos nos governantes.

Certa vez, esta mesma pessoa me contou que o painel de seu carro havia quebrado. Foi à concessionária e achou um absurdo o preço da tal peça. Disse que alguém lhe indicou uma busca pelo “comércio” do Alecrim. Lá, não precisou andar muito e um desconhecido perguntou a ele o que procurava. Dito o que precisava, em poucos minutos um painel usado lhe foi oferecido. E levou a peça que, certamente, proveniente de carro roubado.

A televisão, os computadores e os celulares que foram roubados de meus amigos também devem ter tido destino semelhante: comprados por pessoas com ficha limpa na polícia e que se dizem honestas, revoltadas com a crescente criminalidade.

A exemplo dos viciados que alimentam o tráfico de drogas, é gente que contribui para um tipo de crime que cresce em Natal e que um dia pode acabar como vítima. Não haveria traficante se não houvesse consumidor de drogas. Não existiria assalto às residências se não houvesse a figura do receptador.
    
Antes de criticarmos a variada gama de problemas da polícia, da leniência dos governos e amaldiçoarmos a bandidagem que anda solta, devemos primeiro olhar-nos no espelho.

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